Cansado de ler e ouvir os boletins epidemiológicos gerados em Ponte Nova, Viçosa, Mariana, Ouro Preto e Manhuaçu, resolvi manifestar-me contra este modus operandi desnecessário para quem está do outro lado fazendo jornalismo e informando. Muitos colegas de imprensa repetem o que os boletins trazem. Mais uma vítima da COVID-19: era morador do bairro tal, tinha 84 anos e possuía outras comorbidades como diabetes, hipertensão e etc. Ora, o que importa isso? A pessoa morreu por que foi infectada pelo Sars-CoV-2, vírus que mata idosos, adolescentes, jovens e até crianças.
Na semana passada passei na lanchonete que frequento pela manhã para o desjejum: só tomo café com leite (R$1,00) e não como nada. O cara sempre me pergunta: “morreu mais gente?” Eu sempre respondo: “não sei ainda, pois estou indo para a redação do Líder Notícias e vou acessar o site da prefeitura municipal, Você pode me escutar às 07h30min na Rádio Montanhesa e ficará sabendo.
Entretanto, o barman adiantou a parada: “morreram mais 02 (dois) e um deles eu conheço há mais de 20 anos. Fiquei surpreso, pois não sabia que ele tinha diabetes e era hipertenso”. Ou seja, o cara viveu 20 anos com as comorbidades (palavra chique para ocultar doenças) e agora pega o vírus. A ficha médica do cara ficou exposta miseravelmente! Isto é uma invasão de privacidade e preconceito contra pessoas idosas.
Quando morre uma pessoa jovem, a informação do Boletim Epidemiológico é mudo. Deveria então trazer alguns dados, tais como: o cara tinha 48 anos, forte, viril, tinha 05 (cinco) filhos, cumpria 08 (oito) horas diárias de trabalho, fazia caminhadas e ainda andava de bicicleta aos sábados e domingos. O que eu entendo é que isto soa como uma espécie de “terrorismo”. O que o poder público deveria fazer é fiscalizar, mover campanhas educativas e manter leitos hospitalares. Os cidadãos devem fazer a sua parte.
Temos que aturar o negacionismo do presidente da República e a espetacularização da dor por parte do Dória, que adora holofotes para catapultá-lo para ser candidato à presidência. Nem um nem outro.. A extrema-direita não pode alcançar o poder. É uma vertente política que só faz bem aos ricos e poderosos. Precisa ser banida no voto. Chega de discuso deletério! Chega de verborragia!
Na hora da atualização de novos casos e mortes por COVID-19 (sem citar comorbidades e idade), William Bonner (Jornal Nacional) subiu o tom contra Bolsonaro que o chamou de canalha. O cara ofende a imprensa, que ele não gosta. Depois corre para os programas de Datena e de Ratinho, além de dizer que o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitiu que ele agisse. Uma mentira deslavada e escancarada. Se deixasse ele fazer o que queria, teríamos meio milhão de mortos. No mínimo!
“Nesse momento, infelizmente, ao invés de dar as notícias, trazer as informações corretas, nós estamos esgrimando com loucos, irresponsáveis, gente que é capaz de entrar num WhatsApp da vida e sair espalhando mentiras, a bel-prazer. As mentiras mais absurdas. Crendices. Tem gente que faz isso vestido de cargo público. Mas nós não vamos desistir. É nosso dever profissional. A gente tá defendendo aqui a nossa profissão, mas a gente tá defendendo aqui a sociedade. A nossa aqui no Brasil e cada colega nosso em cada País desse planeta”, disse Bonner no Jornal Nacional.