Enquanto pressiona o Congresso Nacional a quebrar regras de controle fiscal para liberar recursos que permitam pôr de pé o programa Auxílio Brasil, com a transferência de R$ 400 mensais em média para 17 milhões de famílias, o presidente Jair Bolsonaro e seu governo deixam no abandono outros importantes programas sociais e apoiam Paulo Guedes que aplica em offshore, com lucratividade absurda!
A essência da atual elite brasileira foi revestida da cor do vil metal na figura monstruosa do “Touro de Ouro” colocado na frente da Bolsa de Valores, em São Paulo. Enquanto isso, o bandejão do Restaurante da Universidade Federal de Viçosa subiu mais de 374%: R$ 1,90 para R$ 9,00. Com direito a protestos, é claro!
Depois de destilar veneno nos inimigos e adversários políticos, o poder instalado no Palácio do Planalto se mirou no espelho e, qual Narciso, resolveu mexer no Bolsa Família e colocar a “cara do governo”: mudou o nome do programa vitorioso, criado em 2003, para Auxílio Brasil (um nome para chamar de meu!). Só que pela nova versão, mal acabada, ficarão de fora mais de 550 mil famílias, que hoje vivem na extrema pobreza!
Veja o caso do programa Cisternas, que prevê abastecimento de água na região do Semiárido nordestino com captação de água de chuvas em reservatórios. Criado em 2003, o Cisternas é uma espécie de Bolsa Família da água. Como o programa de transferência de renda, é focado em famílias pobres, no caso, localizadas na área rural do semiárido brasileiro, assegurando abastecimento de água para o período da seca.
Também como o Bolsa Família é barato e eficaz. Ainda como o Bolsa Família, o Cisternas tem sido alvo de inúmeros estudos, é aplicado em outros países e recebeu prêmios internacionais. Em quase 20 anos de existência, comprovou-se eficaz para a sobrevivência e fixação de populações em suas pequenas propriedades. Mais uma vez como o Bolsa Família, o Cisternas vem definhando no governo Bolsonaro, chegando agora ao literal abandono.
No jornal “Valor” (online) de segunda-feira passada, 22 de novembro, o repórter João Valadares mostra que, depois de entregar 30,5 mil cisternas em 2019, apenas 08,3 mil foram concluídas em 2020, devendo cair para 06 (seis) mil em 2021, nos cálculos do ministério da Cidadania, o responsável pelo programa. Até agosto deste ano (2021), foram concluídos 1,6 mil reservatórios, bancados por recursos de anos anteriores.
Do orçamento de R$ 32 milhões para o Cisternas, aprovado para 2021, nada foi efetivamente gasto com o programa até meados de novembro. O total de recursos empenhados, ou seja, já disponíveis para serem gastos, não passa de R$ 500 mil, 1,5% da dotação orçamentária, e decorre de emendas parlamentares.
Em quase 20 anos de atuação, o programa permitiu a construção de mais de 01 (um) milhão de cisternas em mais de 1,2 mil municípios. Alcançou cerca de 05 (cinco) milhões de pessoas, metade da população rural da região semiárida, que abrange os estados nordestinos e parte Norte de Minas Gerais.