A taxa de médicos por habitantes no Sistema Único de Saúde (SUS) é a metade da média do país, aponta a pesquisa “Demografia Médica no Brasil”, divulgada ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Enquanto a relação geral é de 2 médicos para cada mil habitantes, nos serviços públicos, há 1,11 médico para cada mil habitantes. “Mesmo considerando as limitações dos registros, podemos dizer que, para um sistema de saúde público e universal, a presença de médicos no SUS é insuficiente”, avaliou o coordenador do trabalho, Mário Scheffer, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, 215.640 médicos atuam no SUS – 55,5% dos 388.015 profissionais registrados no país. O estudo mostra que o Estado com a menor taxa é o Pará – com 0,5 médico no serviço público para cada mil habitantes. No Maranhão, a razão é de 0,52 e, em Minas Gerais, de 0,75. A Unidade da Federação com o melhor indicador é o Distrito Federal (1,72), seguido pelo Rio de Janeiro (1,58).
Regiões. No índice geral, 16 Estados, todos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apresentam uma relação de médicos por mil habitantes inferior a 1,5 – abaixo da média brasileira de 2,00 médicos por mil habitantes. Amapá, Pará e Maranhão trazem índices comparáveis a países africanos: 0,95; 0,84 e 0,71, respectivamente. Indicadores bem distintos dos primeiros colocados. O Distrito Federal traz a razão de 4,09 médicos por mil habitantes, sendo pelo Rio de Janeiro, com 3,62, e por São Paulo, 2,64.
Com 40.425 profissionais, Minas fica em sexto lugar com 2,04 profissionais a cada mil habitantes. Assim como no Brasil, por aqui, a desigualdade percebida entre a capital e os municípios do interior também se destaca. Os dados mostram que 17.469.693 moradores de cidades mineiras do interior são assistidos por 24.663 médicos. Nesse grupo de municípios, a razão médico/habitante é de 1,41. Segundo João Batista Gomes, presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), cem municípios mineiros não possuem nenhum médico. Por outro lado, a capital tem 6,61 médicos por mil habitantes.
Segundo o prefeito de São João das Missões, no Norte de Minas, Marcelo Pereira, a cidade, que possui cerca de 12 mil habitantes, conta com seis médicos. “A faculdade mais próxima fica a 25 km e, muitas vezes, o salário e as condições de lazer da cidade não são atrativos para os profissionais”, afirma Pereira. (Com agências)