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Os mandamentos de boa conduta para uso do smartphone

Uma das consequências mais notórias da aparição dos smartphones e demais dispositivos móveis é o impacto que tiveram em nossa vida social.
Absorvidos por um mundo virtual, em detrimento do real, estamos nos convertendo em uma sociedade de dependentes dos celulares, muitos dos quais aparentam ser zumbis que perambulam sem escutar ninguém nem olhar outras pessoas nos olhos na maior parte do tempo, mesmo compartilhando um mesmo ambiente.

O problema, porém, já vem gerando uma série de regras de boa conduta, como se fossem “mandamentos” do uso com smartphones, que BBC resume abaixo:

Restaurantes e banheiros

Apesar de haver grande diferença de opiniões a respeito, parece haver um consenso ao redor de algumas normas de etiqueta com os celulares, começando pela ideia de que a pessoa que nos acompanha fisicamente tem “prioridade absoluta” em relação a coisas como um bate-papo no Facebook, a consulta a correios eletrônicos ou a atualização da conta pessoal no Twitter.
Quando estamos em um restaurante, colocar o smartphone sobre a mesa é como dizer à outra pessoa que “estamos esperando que se apresente algo melhor”. A regra é colocá-lo onde não seja visível e em silêncio durante toda a refeição.
Mas se isso é “doloroso” demais, outra opção seria colocá-lo numa capa ou deixá-lo virado para baixo, dando a entender que só será usado se for estritamente necessário. E se alguém ligar, o mais correto é se desculpar e sair da mesa para falar.
Assim como ouvir música a todo volume e conversar em voz muito alta não são bem vistos em público, o mesmo vale para entrar falando ao telefone no banheiro. As pessoas que estão dentro de um banheiro público ficarão gratas se você não fizer isso, assim como a pessoa que está do outro lado da linha, por não ter que ouvir o dono do celular puxando a descarga.
Além disso, as pessoas que trabalham como caixas, garçons ou outros profissionais que lidam diretamente com o público merecem respeito, e falar ao telefone ou observar a tela do aparelho enquanto é atendido pode ser considerado uma falta de respeito com eles, além de poder atrasar o serviço (já que o cliente está prestando atenção em outra coisa, o smartphone).
Outra norma que não deve ser esquecida, apesar de já estar mais difundida, é a de desligar o telefone em lugares que exigem silêncio, como a biblioteca, o cinema ou o teatro. Nos dois últimos casos, isso se aplica até mesmo à luz da tela, que pode atrapalhar outros espectadores.

Encontros românticos

Em 2011, o colunista da revista Forbes Michael Matthews criou também uma série de normas de conduta com smartphones para encontros românticos, com o objetivo de assegurar que o encontro seja “só entre vocês dois, e ninguém mais”.
A lista começa com o momento de marcar o encontro: “Ligue, não mande uma mensagem de texto. Mesmo se não souber se é uma reunião de amigos ou um encontro romântico. LIGUE”.
Segundo Matthews, se o encontro estiver acontecendo e tivermos que atender uma chamada ou uma mensagem importante, deve-se notificar a outra pessoa dando detalhes. Mas isso só vale para algo essencial, do tipo “ligação do meu chefe” ou “os detalhes sobre o funeral da minha avó”.
Cada vez são mais frequentes as páginas de internet ou aplicativos que permitem encontrar ofertas em restaurantes, cinemas, teatros ou outro tipo de atividades. Segundo o colunista, é melhor evitar essas ofertas no primeiro encontro. Ou, se você fizer isso, é melhor deixar claro que é por querer “conhecer o lugar”, não porque quer economizar dinheiro.
Outra regra é evitar a todo custo tirar fotos da outra pessoa durante a refeição, e se fizer, que seja com a permissão explícita da pessoa (e com a garantia de que as que ficarem ruins serão apagadas).
Há apenas uma ocasião na qual é permitido usar o smartphone: como instrumento para incentivar a conversa, ao mostrar um vídeo engraçado do qual todo mundo fala ou para buscar um dado que não consegue lembrar, se é que ele ou ela gostem do tema.

No trabalho

Os smartphones e os tablets estão se proliferando em nossos locais de trabalho. Apesar de serem uma ferramenta útil para a empresa, é muito fácil que eles nos distraiam com uma mensagem pessoal ou que a curiosidade nos desvie na imensidão da rede no meio de uma reunião sonolenta.
Mas se não queremos perder pontos com nossos companheiros e chefes, Rachel Wagner, especialista em etiqueta e protocolo, está desde 2010 difundindo seis normas essenciais de conduta com smartphones no lugar de trabalho.
Novamente, deve-se prestar 100% da atenção à pessoa que temos na frente. Assim, é importante “não interromper as conversas cara a cara com alguém (por exemplo, num corredor ou na cantina) para atender a uma ligação ou enviando uma mensagem”.
“Em um almoço de negócios, o aparelho móvel não deveria estar sobre a mesa. Guarde-o no bolso ou em uma maleta”, observa.
Ela também recomenda que, em uma reunião, deve-se evitar “ler debaixo da mesa”. Muitas vezes o que irrita em uma reunião, comenta ela, não é o barulho da campainha de um celular, mas como alguém checa seus e-mails ou sua página no Facebook.
“Além disso, prestar atenção a suas mensagens em vez da reunião envia um sinal de que as outras pessoas no ambiente não importam, o que pode ser perigoso se forem clientes ou se têm poder sobre teu emprego ou futura carreira”.
Outra coisa muito importante, observa, é tentar ter uma campainha de chamada que soe profissional, já que isso poderia afetar sua imagem profissional.
Também se deve evitar falar ao celular em público sobre assuntos da empresa que deveriam ser confidenciais.

A família

Mais além do trabalho ou de outras relações pessoais, os especialistas assinalam também a importância primordial de estabelecer códigos de conduta com smartphones adequados para o lar.
Muitas pessoas lembrarão das refeições familiares nas quais uma das pessoas está interagindo com sua tela sensível ao toque, ou daquelas férias nas quais vários membros da família ficam tirando fotos de tudo para colocá-las nas redes sociais e interagir com pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância.
Os especialistas alertam sobre a importância de uma interação de qualidade. Como observou à BBC a especialista em protocolo Angela Marshall, “deve-se ensinar às crianças quando elas ganham um smartphone (…) as regras para o comportamento adequado, e os pais devem dar o exemplo.”
Além disso, estabelecer normas para o uso de smartphones e demais aparelhos móveis não só é necessário para proteger nossa vida social, como também nossa saúde. Diversos estudos já relacionaram o abuso no uso de dispositivos móveis a elevados níveis de estresse, assim como a dores no pescoço e nas costas.