Na semana passada (17/04/2020) escrevi um artigo no LÍDER NOTÍCIAS sobre a cegueira que colocou uma trave na visão de grande parte dos brasileiros. A maioria sabe (2/3 da população brasileira) que Paulo Gudes e Sérgio Moro são os pilares principais desse programa dos sonhos da ultradireita que tomou o poder no Brasil. Mas, Moro roubou (Glauber Braga (PSOL-RJ), deputado que chamou Moro de juiz ladrão, foi absolvido no Conselho de Ética) indecentemente no processo da prisão de Lula, comportando-se como um juiz corrupto, como mostrou a série da Intercept-Folha.
Depois ele (Moro) negociou a chegada ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública, apenas como uma passagem para o Supremo Tribunal federal, sem falar no vergonhoso silêncio sobre o Caso Marielle Franco ou na conivência com os crimes eleitorais dos filhos de Bolsonaro. Este, por sua vez faz o jogo do empate e continua negando a existência de corrupção no governo atual.
As idas e vindas das falas presidenciais fazem parte da neutralização do tema da corrupção. No último ano observa-se o desmonte do setor, a ilusão do crescimento econômico previsto com a famigerada Reforma da Previdência, que só beneficiou os militares (de caserna o presidente conhece) não se deu na prática, com pífios 1,1%, pior desempenho desde Michel Temer.
No meio de todo esse processo, existe o aumento vertiginoso do número de desempregados, o retorno das pessoas à miséria, uma população vivendo na precariedade e as ruas sendo ocupadas como moradias.
“É indigno que a sociedade brasileira se acomode a conviver com esta realidade sob a justificativa de que a culpa é de governos anteriores”, explana a deputada estadual do PSOL/RJ, Mônica Francisco.
O Projeto Brasil foi germinado no seio das elites e tomou corpo por meio de figuras que antes habitavam o submundo da política brasileira ou estavam adormecidas desde o fim da Ditadura Militar. Saudosistas antipovo, tipo Figueiredo que era assessorado por esta figura espúria da Imprensa Brasil, Alexandre Garcia, ou defensores da pena de morte como José Luiz Datena.
“Muitos se espantaram quando escândalos de corrupção em torno do uso de candidatos-laranja pelo ministro do Turismo eclodiram sem que nenhuma providência fosse tomada. Na mesma direção da associação dos filhos com a milícia, o desvio de verba da secretaria de Comunicação torna-se fato curiosamente sem repercussão negativa entre os apoiadores”, escreveu Cristian Ingo Lenz Dunker, psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da USP e coordenador do laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise, na edição de marco da revista Le Monde Diplomatique, edição brasileira.
Este tipo de comportamento dos seguidores de Bolsonaro segue a lógica da excepcionalidade da lei aplicada aos “heróis”. O mito tem licença para matar e para roubar, inclusive direitos dos trabalhadores. O pacto cínico da corrupção, tantas vezes denunciado pelos críticos, continua a vigorar. Para estes seguidores, a raiva e a crítica alheia são apenas o espelho de que em perdeu seus privilégios (que agora passaram para “nós”).