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O MEDO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO PASSA-CINCO PASSOU?

Em 2011, por coincidências histórica, eu ocupava a presidência do Codema (Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente) quando fui convidado para ser Diretor do Parque Natural Municipal Tancredo, Neves, Unidade de Conservação criada em 1982 por força de lei sancionada pelo prefeito Antônio Bartholomeu. Em 1986, o local passou a ter regulamento próprio; em 2008, finalmente o Parque teve regulamentação fundiária, após difícil trabalho de campo.

 

No cartório só encontramos 84 hectares registrados. Buscamos assinaturas dos confrontantes que sabiam que as terras foram doadas e referendaram. Em dezembro de 2008, a Prefeitura de Ponte Nova (Taquinho Linhares) registrou em cartório as terras. Assim, a história do Parque Natural Municipal Tancredo Neves passou a ser mais real, com 255 hectares, além de mais 25 hectares do entorno, sendo que 05 hectares foram doados para o Estado, que construiu a Penitenciária de Ponte Nova I.

 

Naquela ocasião, maio de 2011, o vereador Divino Marcelino dos Anjos, ouvindo populares, denunciou na Tribuna da Câmara Municipal que a Barragem do Passa-Cinco corria risco de se romper e causar um desastre ambiental que poderia levar à morte, dezenas de pessoas. Não havia sirene no local, a barragem era antiga (1920) e com vazamentos em sua base. Tivemos que agir, imediatamente, após levar ao prefeito Joãozinho de Carvalho a situação.

 

Nesta empreitada, 02 (dois) nomes surgiram no meio do caminho para reforçar a luta para evitar uma tragédia: Rogério Elísio da Silva, técnico em Segurança do Trabalho e chefe de Fiscalização e Posturas, e Cícero Gomides, coordenador da Defesa Civil. Mãos à obra, pedimos apoio ao Consórcio Candonga que liberou equipe técnica para realizar a topobatimetria na lagoa. Aí descobrimos algo espantoso: ela tem mais de 01 (um) quilômetro de comprimento e possui em seu leito 1.200.000 (um milhão e duzentos mil litros) de ÁGUA!

 

Cícero Gomides articulou a vinda a Ponte Nova da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, que emitiu laudo mostrando que havia alto risco de rompimento. O engenheiro civil, especialista em barragens, Antônio Garavini, a pedido de Rogério Elísio, emitiu laudo orientando que a barragem teria que sofrer obras reparatórias urgente.

 

Sem recursos financeiros, o Poder Executivo optou por reparações paliativas: retirar todo o barro podre nas proximidades da barragem de concreto para amenizar o impacto direto do volume de água. O engenheiro agrônomo, Baltazar Antônio Chaves, experiente no assunto, definiu em conversa comigo que o certo, para o momento, seria fazer a barragem em declive que começa com 09 (metros) de altura até o descaimento final em 01 (um) metro.

 

Era uma técnica não muito segura, mas resolveu. Até que em 25 de janeiro de 2019, a Barragem Córrego do Feijão se rompeu e colocou novamente a barragem do Passa-Cinco no foco do dia. O vereador Sérgio Ferrugem pediu providências em fevereiro de 2019. Prefeito Wagner Mol Guimarães mandou esvaziar a lagoa para levantamentos de especialistas que sugeriram um projeto arrojado para uma nova barragem. A lagoa voltou a ficar cheia. Quase 03 (três) anos depois: NADA!

 

A pergunta que não quer calar: será que vão esperar para que seja escrito algo tipo “A Crônica da Morte Anunciada” (Gabriel Garcia Márquez)? Ou ninguém tem mais medo do rompimento da barragem do Passa-Cinco?

 

Foto: Jornalista Cecília Braga,da TV Educar, realizou matéria jornalística em maio de 2011, quando a lagoa do Passa-Cinco começou a ser esvaziada pela primeira vez para reparos que seguraram a situação até os dias atuais, mas o risco de se romper continua.