Depois do tiro no pé dado pelo grande compositor, cantor e ator (nas horas vagas) Sérgio Reis, o que se vê e ouve é o delírio inconsequente dos amantes do atual ocupante do Palácio do Planalto. Falam em invasão de STF e Congresso, voto impresso (já negado e renegado pelos congressistas) e os mais ousados (irresponsáveis, na verdade!) pretendem chegar armados na Avenida Paulista (São Paulo) e no Planalto Central (Brasília) no dia 07 de setembro.
O gado não terá o berrante de Sérgio Reis para chamá-lo, mas ganhou até outdoor na cidade de Raul Soares, com logomarca da Polícia Militar de Minas Gerais e palavras de civismo. A PM não autorizou e mandou retirar.
Há quem sonhe com o artigo 142 da Constituição Federal e pede dissolução do Congresso, compara os tempos atuais aos de 1964. Leram mal o que aconteceu naquele tempo, falam em comunismo, coisa que nunca existiu no Brasil. A proposta era implantar o Estatuto da Terra, bandeira de João Goulart, que foi derrubado depois da “Marcha com Deus pela Família e Liberdade”, comandada pelo Padre Patrick Peyton, americano estimulado pela CIA, como nos outros países da América Latina.
“Não sou bolsominon, não apoio os ideais arrogantes de extrema direita e nem apoio os delírios comunistas da extrema esquerda”, disse a estrela Juliana Paes.
A marcha foi desencadeada por um discurso do presidente Jango na Central do Brasil (Rio de Janeiro) em 13 de março de 1964, no qual ele pediu reformas políticas, incluindo controle de aluguéis; impostos sobre a riqueza; desapropriação de terras dentro de 10 quilômetros de estradas, ferrovias e barragens, e a nacionalização de refinarias de petróleo.
Por anos, as reformas moderadas foram vistas pelo governo dos Estados Unidos como uma ameaça aos seus interesses financeiros e hegemonia na região. Goulart também pediu a nacionalização de empresas estrangeiras de mineração, como a americana Hanna Mining. Para desacreditar Goulart, os EUA jogaram com o medo exagerado de comunismo, por meio de extensa propaganda fornecida por jornalistas macartistas e figuras financiadas pela CIA como o padre Patrick Peyton, que ajudou a exagerar a ameaça do comunismo!
Quem financia o discurso de hoje são empresários mal-intencionados, como o “Véio da Havan” e/ou jornalistas que se venderam às benesses das “burras” de Jair Bolsonaro, como Sikêra Júnior e o Ratinho. O resto é fantasia louca, de gente que não pensa no Brasil e que não viveu a Ditadura Militar que se abateu sobre o Brasil, matando heróis que lutaram contra baionetas e tanques tingidos de sangue de brasileiros, como Adrianinho Fonseca, filho de Ponte Nova.
Se isentar é delirante! A cultura do cancelamento não basta em uma democracia, mas as redes e as polêmicas envolvendo celebridades ajudam a entender que ficar “em silêncio” hoje em meio a uma catástrofe política e humanitária é socialmente inaceitável.
Quando milhares de brasileiros têm que se manifestar para defender a vida, a vacina, o auxílio emergencial, as universidades públicas, os povos indígenas, a juventude negra, a cultura, o meio ambiente, etc se isentar é que é delirante, não é mesmo Juliana Paes?
“Nem de esquerda, nem de direita”. Se isentar é delirante! (Ivana Bentes, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).