Maior fundo soberano do mundo abandona as empresas de petróleo. Decisão do governo da Noruega tira do mercado um investidor avaliado em mais de um trilhão de dólares, um duro golpe contra as energias fósseis poluentes.
O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo e sustentado com petrodólares, vai abandonar as empresas de petróleo para reduzir a exposição do país escandinavo ao combustível, anunciou o governo norueguês na sexta-feira, 08 de março.
“O objetivo é reduzir a vulnerabilidade de nossa riqueza comum ante um retrocesso permanente dos preços do petróleo”, afirmou a ministra das Finanças, Siv Jensen, em um comunicado.
A decisão, que afeta as empresas de exploração e de produção de petróleo, foi tomada após uma recomendação neste sentido do Banco Central da Noruega.
A Noruega é o maior produtor de petróleo da Europa ocidental. O petróleo e o gás natural representam quase metade das exportações e 20% do faturamento do Estado, que enriquecem o fundo soberano, ao qual Oslo recorre para financiar seu orçamento.
No fim de 2018, o fundo possuía 37 bilhões de dólares em ações do setor, com participações de peso na Shell, BP, Total e ExxonMobil, principalmente. A proposta do governo afeta 7,5 bilhões de dólares dos ativos, explicou Jensen. No momento, o fundo possui o equivalente a 1,4% da capitalização em Bolsa mundial.
ONDA EXPANSIVA
Para as organizações ecológicas e ativistas da luta contra a mudança climática, no entanto, o anúncio representa uma vitória incontestável, em um momento no qual muitos países parecem pouco envolvidos para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.
“Se isto acontecer no Parlamento vai provocar uma onda expansiva, dando o maior golpe até agora na ilusão de que o setor de energias fósseis ainda tem décadas de atividade pela frente, como se nada tivesse acontecido”, afirmou Yossi Cadan, diretor da ONG 350. org.
“A decisão deve ser recebida como um alerta vermelho para os bancos privados e os investidores, cujos ativos petroleiros e de gás são cada vez mais arriscados e, moralmente, insustentáveis”, completou em um comunicado.
Com os valores em jogo, a retirada deve levar muito tempo, mas estabelecerá um antes e um depois: os investimentos do fundo norueguês são estudados de perto pelos outros investidores.
No passado, o fundo já decidiu abandonar o setor do carvão, tanto por razões financeiras como ambientais.