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(**) NADA PIOR QUE A VISÃO DE UM ESPÍRITO AMPUTADO!

 

Na última semana de janeiro recebi um telefonema do vereador Guto Malta (PT). Ele disse-me que estava constituindo um “Conselho Político” para analisar um projeto de lei do Poder Executivo que começou a tramitar na data de 1º de fevereiro deste ano, quando foi realizada a primeira reunião comandada pela nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, que tem na presidência o experiente vereador Antônio Carlos Pracatá. Ele está cumprindo seu quarto mandato consecutivo.

 

O projeto em questão trata da entrega da coleta de lixo para empresa terceirizada obedecendo a ótica do PIGIRS (Programa Intermunicipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos) elaborado pela Fundação Gorceix da Universidade Federal de Ouro Preto, que foi contratada pelo Cimvalpi (Consórcio Intermunicipal Multissetorial do Vale do Piranga). Começa por aí o erro. O consórcio deveria adotar outro nome pois tem municípios da Bacia do Rio Paraopeba, como Congonhas. O PIGIRS de Ponte Nova já está pronto desde 2012, com verba da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) que ainda bancou o projeto do aterro sanitário, elaborado pela Universidade Federal de Viçosa, dentro de regras internacionais.

 

Desde já, como ambientalista, coloco-me contrário à aprovação do projeto, pois significa terceirizar a coleta do lixo e ainda entregar terras públicas para quem assumir. Ponte Nova adquiriu um terreno, em 2010, na Fazenda da Cachoeira, que fica na margem direita da estrada de terra que liga o município a Barra Longa, passando pela Rasa. O valor do terreno: R$ 100 mil, sendo R$ 85 mil do Fundo Municipal de Meio Ambiente, recursos oriundos de duodécimo repassado pela prefeitura. Grande parte desse montante foi de medida compensatória determinada pelo Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (Codema) entre 2005 e 2010.

 

Por trás disto, de forma ainda obscura, está um projeto que prevê a construção de uma usina de geração de energia elétrica a partir do lixo. Alguém sabe quanto custa uma usina destas? Acessem o site da prefeitura de Boa Esperança que construiu a primeira do Brasil ao custo de R$ 42 milhões. Com apoio de Furnas. E lá eles vão gerar energia só com o lixo da cidade: cerca de 40 toneladas diárias!

 

Aqui, a proposta é algo fora de propósito pois pretendem gerar energia com lixo de outras 13 cidades do Vale do Rio Piranga. A previsão é de que Ponte Nova receba mais 260 toneladas diárias de lixo atravessando a cidade (Ponte Nova produz cerca de 40 toneladas diárias) que ainda não tem um Anel Rodoviário completo. Se a usina for instalada na Fazenda Cachoeira, na estrada da Rasa, todo lixo vai passar por dentro do bairro. E se não for lá, a prefeitura vai comprar um novo terreno para “dar” para o Cimvalpi gerenciar com outra empresa tendo lucro?

 

O projeto de Boa Esperança prevê a geração efetiva de energia, a partir do gás de síntese obtido através do processo de gaseificação do CDR (Combustível Derivado de Resíduos Sólidos), cuja matéria prima é o lixo in natura. Aí é que mora o perigo! O lixo será todo recolhido e levado para a usina. Isto seria o fim da Cooperativa dos Recicladores de Ponte Nova (Coorpnova), que vive da coleta seletiva.

 

Voltarei ao assunto brevemente pois não se esgota um assunto tão importante em poucas linhas. Preciso de mais espaço. Fica o desafio: vamos construir nosso próprio aterro sanitário ou então gerar energia com o nosso lixo, pois o modelo proposta é criar um novo lixão em Ponte Nova. Em caso de avaria no sistema da Usina, o lixo se acumularia em proporções absurdas. Imagina só: 1.000 toneladas ao ar livre! Isto se o defeito durar apenas 03 (três) dias!

 

QUE CADA CIDADE CUIDE DO SEU LIXO!

 

(**) Frase do coronel do Exército Americano, Frank Slade, no filme “Perfume de Mulher”, cuja atuação deu a Al Pacino o Oscar de melhor ator em 1993.