“Até mesmo relacionamentos ruins podem deixar um certo “buraco” emocional. Talvez o ser humano tenha sido feito para viver com outras pessoas. Mesmo relacionamentos ruins podem oferecer uma certa parceria e a possibilidade de contar com a outra pessoa em alguns momentos”.
Lendo assim, você já percebeu que estas palavras não são minhas. Certamente são de uma psicóloga. Poderiam ter sido escritas pela psicóloga e dermatologista Deborah Torres ou por outra recente colunista do Líder Notícias, Vivyane Totino Motta. “o sofrimento mais intenso pode acontecer quando não esperamos e não desejamos o rompimento, pois amamos esta pessoa e não conseguimos nos imaginar longe dela”, diriam as psicólogas.
Na semana que passou, o Líder Notícias deu destaque às mulheres. As que assumiram o poder na atual administração em número recorde: 08!. Sim, são 08 (oito) e não 07 (sete). Na matéria jornalística da página 3 da edição nº 418, a editoria afirmava este número, mas com o nome de Elaine Pasqualon como Diretora-adjunta do DMAES. Mas, a mulher que assumiu esta pasta é Danielle Augusta Alvarenga dos Santos, servidora concursada, com um perfil técnico alto: engenheira de alimentos (UFV) com especialização (pós-gradução) nos Estados Unidos, em vinícolas.
Por outro lado, na página 12 da mesma edição 418, a editoria teve o desprazer de anunciar o assassinato de 08 (oito) mulheres na virada de 24 para 25 de dezembro, ou mesmo depois do almoço do Natal, como ocorreu em Ervália. Naquela data, o possesso Romário matou sua esposa Amanda na frente de suas 03 (três) filhas menores de 01 (um), 02 (dois) e 03 (anos). O cara, desequilibrado, chamou a PM para dizer que matou a mulher, porque ela teria pegado a faca. Ele foi desmentido por uma das crianças.
Apesar de ocorrerem em circunstâncias diversas, a partir de sua classificação como Feminicídio, todas as mortes se explicam pelo fato de que as vítimas são mulheres, enfatizando a persistência de um modelo patriarcal de dominação nas sociedades contemporâneas. Problematiza-se o emprego dessa categoria homogeneizante (homem) em contraponto com as discussões sobre as especificidades de gênero e sua interseccionalidade com outros marcadores sociais.
O mais absurdo é a sistematização das mortes sempre com a desculpa de que o matador agiu porque “não aceitava o fim do relacionamento”. A imprensa divulga assim (mea culpa está formada), mas na verdade, o assassino mata porque é covarde e quer demonstrar seu poder de macho frente a uma indefesa mulher.
Em toda a minha vida de jornalista, não me lembro de ter publicado uma reportagem em que uma mulher tenha matado seu marido, amante ou companheira porque não aceitava o fim do relacionamento. Aliás, não gostaria de publicar nem um crime nem outro!
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Comentários de Lara Repolez sobre o artigo acima
“Ô Maldito, eu li o seu artigo, sabe, deu vontade de chorar na hora que eu li. Ainda bem que tem homens como você no mundo, Ricardo Motta, sabe, um canalha honesto. Que sabe que a gente não tem como ser feliz tendo amado só uma única vez, né? não tem como!
E amor é a lei. O amor sob vontade, como diz Aleister Crowley, Viva a Sociedade Alternativa, Não é mesmo, meu querido? E você, de fato, espero que, nunca mesmo, tenha que publicar um crime de uma mulher que matou um homem porque não aceitou o fim do relacionamento. Acho que elas dão graças a Deus na hora em que o trem acaba, entendeu?
E eu fico pensando assim: uma hora, isto vai ter acabar, sabe Maldito? E, só vai acabar quando todas as mulheres se unirem e pararem de passar pano para macho. E quando no mundo tiver mais homens como Ricardo Motta, Walter Portela, Rodrigo Senna. Figuram que amam as mulheres, honram as mulheres.
Você deve se lembrar da entrevista que você me convidou para falar no Dia Internacional das Mulheres (08 de março de 2019). Eu te falei, eu te citei um exemplo: quando uma mulher é amada ela é linda, ela é bela, ela está feliz! Mas, quando uma mulher vive uma relação tóxica você vê que é uma flor e murcha. Você olha pra ela e diz: gente, essa mulher acabou! De repente, a relação acaba, ela vive lá o luto dela, daqui há pouco ela volta renascida, florida!
O mesmo acontece com qualquer tipo de relação tóxica. Este patriarcado opressor e estrutural vai cair. Nós vamos acreditar nisso, pois a revolução é feminista!
Um beijo lobo, canalha honesto! Se todo homem fosse canalha honesto como você, ai que bom seria viver!”.