Dois anos e meio depois do desaparecimento da ex-namorada do goleiro Bruno, Eliza Samudio, a Justiça oficializou a morte da jovem e concedeu o direito de a família ter a certidão de óbito. A decisão é da juíza do Tribunal do Júri de Contagem, Marixa Rodrigues, e foi publicada ontem no “Diário do Judiciário”.
A magistrada acatou o pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e dos defensores da família da vítima. Para fundamentar a decisão, a juíza se amparou na condenação de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pelo crime de homicídio. Ele foi sentenciado a 15 anos de prisão no julgamento realizado em novembro passado.
No teor da decisão, Marixa afirma que a medida é importante para evitar um novo processo judicial, só que no âmbito cível, para garantir os direitos de Bruninho, filho de Eliza com o goleiro. “Se já existe uma decisão que reconhece a morte da vítima, não faz sentido determinar que seus genitores ou seu herdeiro percorram a via-crúcis de outro processo para obterem outra sentença judicial que declare a morte de Eliza Samudio”, diz o texto.
O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, critica a medida tomada pela magistrada. “A juíza está influenciando diretamente no julgamento, subtraindo a competência do júri que ainda vai avaliar o caso de Bruno no dia 4 de março”, afirma.
O fato de ter em mãos a certidão de óbito não serviu para confortar a mãe da vítima. “Isso só aliviaria minha dor se viesse acompanhado dos restos mortais da minha filha”, desabafa Sônia de Fátima Moura.
O documento deve ser registrado no cartório de Vespasiano, na região metropolitana da capital, onde Eliza teria sido assassinada. A causa da morte será por asfixia, já que a denúncia do MPMG aponta que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, teria estrangulado a jovem até a morte.
Sigilo. A juíza Marixa Rodrigues também autorizou a quebra de sigilo bancário de Bruno Fernandes no período entre janeiro e julho de 2010, atendendo ao pedido do promotor Henry Vasconcelos. A intenção da promotoria é conseguir informações que possam indicar a participação do policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, no crime.
Ele teria apresentado Macarrão ao Bola e poderia ter intermediado o pagamento pela execução de Eliza. Em 2010, ele não foi denunciado por falta de provas. Agora, o MPMG tenta conseguir fundamentar a denúncia. As informações obtidas com essa quebra de sigilo não poderão ser usadas no julgamento do dia 4 de março, já que o prazo para a inclusão de provas para o júri já terminou.
TJMG decide hoje sobre anulação
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) vai decidir hoje sobre o pedido de anulação do primeiro julgamento do caso Bruno, ocorrido em novembro passado, em que foram condenados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e a ex-namorada do jogador Fernanda Gomes de Castro.
No pedido, os advogados de outro réu, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, alegam cerceamento da defesa já que não puderam acompanhar o restante do julgamento depois que se desentenderam com a juíza Marixa Rodrigues e decidiram abandonar o júri.
Com a manobra, Bola ficou sem defensor, e a juíza desmembrou o julgamento do ex-policial. O mesmo ocorreu com o próprio goleiro Bruno, que destituiu sua defesa. O julgamento da ex-mulher dele, Dayanne Souza, também foi cancelado na ocasião. Os três irão a júri no dia 4 de março.
Com a saída dos três réus, Macarrão confessou que Bruno havia mandado matar Eliza, mas negou que estava presente no momento da execução. Ele foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado. Já a pena de Fernanda Gomes de Castro foi de cinco anos de prisão em regime aberto por sequestro e cárcere privado. (BM)