Na semana passada foi anunciado que o Brasil não vai mais sedir a COP-25, que á a conferência anual da ONU para implementação do Acordo de Paris, que já era esperada no país no ano que vem. O Itamaraty comunicou a decisão de retirar a candidatura. No dia seguinte, em contato com a imprensa, o futuro todo poderoso ministro da Casa Civil tentou dizer (baixinho e no ouvido de Bolsonaro) que a decisão era do Itamaraty. Bolsonaro desautorizou e disse: “eu pedi para que não fosse realizada”.
Como eleitor, eu não me assusto com a decisão de Jair Bolsonaro, pois ele está fazendo o que prometeu. Não é um estelionato eleitoral. Mas não posso concordar o que não vai adiantar muito, pois minha voz será igual à João Batista clamando no deserto. Aliás, sem fazer trocadilho, o mundo vai virar um deserto e desta vez com a colaboração do Brasil. A nova política, que tem à frente um ultradireitista como chanceler das Relações Exteriores, o embaixador Ernesto Henrique Fraga Araújo, vai corroborar com minha tese.
Ernesto Araújo abraça com fervor as teses de Donald Trump que rompeu com o Tratado de Paris que prevê o combate ao aquecimento global. Araújo disse em recente artigo em seu blog: “É uma trama marxista. Esse dogma vem servindo para justificar o aumento do poder regulador dos Estados sobre a economia e o poder das instituições internacionais sobre os Estados nacionais e suas populações, bem como para sufocar o crescimento econômico nos países capitalistas democráticos e favorecer o crescimento da China”.
“Tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro viu-se obrigado a retirar sua oferta de sediar a COP 25”, diz a nota do Itamaraty. No entanto, a questão orçamentária já estaria resolvida desde outubro, segundo membros do alto escalão do Ministério do Meio Ambiente (MMA) afirmaram que havia reserva de recursos do Fundo Clima para garantir a realização da COP-25.
“Não sou favorável à assinatura de acordos comerciais amplos com potências que anunciam que não respeitarão o Acordo de Paris”, declarou Emanuel Macron, presidente da França em Buenos Aires, onde está para a Cúpula do G20, na sexta-feira, dia 30 de novembro. Jair Bolsonaro reagiu: “ Não aceitaremos imposições à nossa soberania”.
BRASIL NO COMBATE AO AQUECIMENTO GLOBAL
O Brasil, que foi protagonista na elaboração do Tratado de Pais, se tornou um dos países mais preparados no combate aos avanços e impactos do aquecimento global. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgado em Yokohama, no Japão, revelou que todas as nações estão sujeitas aos efeitos do possível aumento da temperatura global. As medidas e políticas adotadas ao longo dos anos em território nacional, no entanto, colocam o Brasil em papel de destaque diante da comunidade internacional.
A queda nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) demonstra essa liderança. Sozinho, o Brasil reduziu o dobro dos índices verificados por todos os países desenvolvidos, agrupados no Anexo 01 do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que estabelece metas de corte na liberação de gases na atmosfera. Além disso, a redução de GEE gerada pelo controle do desmatamento em apenas um ano equivale às emissões totais anuais de locais como a Espanha e o Reino Unido.
Observação: artigo orginalmente publicado na edição nº 310 do Líder Notícias, dia 07 de dezembro de 2018