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HOMENAGEM A MARIA CÉLIA BRANDÃO TOTINO

Em 1979, eu conheci Hélcio Totino através de seus artigos publicados no jornal “O Município”. Ele falava de desenvolvimento com sustentabilidade ambiental. Coisa rara para aqueles tempos em que ser ambientalista era coisa de chato, antiprogressista e alguns mais desequilibrados diziam que era coisa de “viado”. Nem falavam a palavra gay ainda. O desrespeito pela identidade de gênero era rasteira e cruel.

Em 1980, juntos batalhamos pela criação do Codema, com diversas reuniões na sede social do Primeiro de Maio. Em setembro de 1981, o prefeito Antônio Bartholomeu sancionou a lei criando o órgão ambiental, que hoje é apenas um apêndice da secretaria municipal de Meio Ambiente, sem autonomia e nas mãos do poder executivo. Naquele ano, 1981 eu me casei com a filha do Hélcio e Maria Célia. Dessa união nasceu minha filha Vivyane.

No Sítio Suíça, na saída para Belo Horizonte, pude ter contato mais de perto com Maria Célia Brandão Totino. Era uma mulher de fino trato, gostava de se aprofundar nos desígnios da Religião Católica e se inteirava com estudos filosóficos da Seicho-no-ie, religião de origem japonesa. Pelos jardins, muito bem cuidados por ela, pude ver nascer e crescer seus netos e depois bisnetos. Ela ajudou criar todos, com o mesmo carinho e atenção de mãe.

Os filhos Tim, Thelma, Ana Célia e Gê deram-lhe netos e bisnetos. Muitos deles tiveram o primeiro banho ministrado por Maria Célia, zelosa, inteligente e dedicada mãe, avó e bisa. Aos domingos era seu prazer reunir todos para o almoço, preparado por Maria, mas com o toque dela (Maria Célia). Maria é da família há mais de 60 anos e ajudava na criação dos meninos e meninas.

Maria Célia gostava de suas plantas, na verdade, ela plantou vários jardins no entorno da casa. Hélcio, seu esposo, escolheu as árvores, plantando um pomar cheio de novidades: cajá-manga, limão-doce, mangostão, manga, jabuticaba, limão-galego, cambucá. Maria Célia gostava de ervas medicinais como capim-cidreira, citronela, boldo, salsinha, agrião, hortelã e gengibre. Ninguém ficava gripado na casa. Ela cuidava de fazer os chás de erva-doce, funcho e de folhas de mexerica e laranja.

Recebi a notícia de seu falecimento no sábado, dia 12 de outubro, por volta das 7h30min, em comunicado pelo MSN repassado por minha filha Vivyane (autora da foto que ilustra este texto) que mora na Austrália. Estive no velório por alguns minutos e me encontrei com Ana Célia e sua filha Andrea (neta de Maria Célia), que por sua vez estava com sua filha Luísa Doné (bisneta de Maria Célia). Raphaella, também filha de Ana Célia, também estava lá.  

O encontro naquela data foi muito triste. Fiquei emocionado, pois Andrea era a amiga inseparável de Vivyane. Tenho uma foto de Andrea carregando Vivyane no colo.

Não fui ao sepultamento, por que estava trabalhando em cobertura jornalística, mas aqui ficam meus sinceros sentimentos de pesar. E uso este espaço para homenagear Maria Célia, a mãezona que amava flores e a natureza em sua totalidade.

Força, Hélcio Totino!