É POSSÍVEL TORNAR PONTE NOVA UMA CIDADE MAIS ARBORIZADA
“A arborização ainda é entendida pelo poder público como um enfeite e não como uma máquina de qualidade de vida”, disse o botânico Ricardo Cardim no programa Perguntar não Ofende, apresentado pelo jornalista Augusto Nunes na Rádio Jovem Pan de São Paulo, ao explicar por que tantas árvores caem nas cidades brasileiras quando chove. Outro problema é que cortam árvores grandes e plantam tão pequenas que não representam um galho das que são retiradas.
Nas últimas semanas foram várias árvores cortadas e caídas (elas foram eleitas um “perigo” para as pessoas) em Ponte Nova. Entre os problemas mais comuns, ele (Ricardo Cardim) lista a poda errada, a cimentação da base, o corte da raiz e o plantio de espécies inadequadas. Recentemente, Cardim lançou o livro “Remanescentes da Mata Atlântica”. Com imagens inéditas, a obra mostra como era e o que restou da floresta que há poucos séculos ocupava o território brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. “A Mata Atlântica tinha árvores tão gigantescas quanto sequoias americanas”, revela.
Uma boa opção seria transformar em canteiros algumas vagas de carros ao longo das ruas. “Essa proposta vem sendo feita em vários países”, conta. “Se numa rua você tem 100 vagas para veículos, pode tirar 20 e plantar nelas mais de 60 árvores. Com isso você aumenta o verde e, ao mesmo tempo, diminui o risco de enchentes por causa da maior permeabilidade do solo”, disse o botânico e paisagista, que é mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo e diretor da Cardim Arquitetura Paisagística.
Ricardo Cardim propõe a arborização de arboretos e jardins suspensos na vertical, com na FOTO ACIMA, que é prédio localizado em São Paulo, criação de seu escritório de arquitetura, urbanismo e paisagismo
No inicio do governo de Wagner Mol Guimarães, a Semam contava com um engenheiro florestal com pós-graduação no Canadá (disse-me ele). Nikolas fez levantamentos das árvores de Ponte Nova e propôs uma maluquice sem tamanho: cortar todas as árvores exóticas da cidade e trocar as espécies maiores para se adequar à rede elétrica. Não teria a Cemig que se adaptar às árvores com implantação de redes protegidas?
Ponderei com ele que aquilo me cheirava a uma espécie de limpeza étnica ambiental, pois as árvores exóticas representavam mais de 20% da arborização urbana. Não proliferou a tacanha ideia, mas houve corte de dezenas de alfeneiros na Avenida Dr. José Mariano entre as esquina da José Vieira Martins e Caraybas, que foram substituídas por minervas e quaresmeiras, que ao final do crescimento vai representar apenas 25% do poder de fotossíntese (troca do gás carbônico por oxigênio). Neste caso, o ambiente será comparado a um mini deserto na região.
Os arquitetos e urbanistas de Ponte Nova têm uma importância muito grande neste contexto, criando projetos ambientalmente corretos, contemplando mais áreas verdes. Quem sabe, os novos prédios contemplem jardins verticais nas sacadas, a exemplo do paisagismo paulista do escritório de Ricardo Cardim?
Hoje, os prédios construídos ocupam o máximo permitido pela lei de uso e ocupação do solo urbano quando deveriam deixar mais área permeável. Vejam o exemplo dos prédios do BNH no Santo Antônio. Eles têm mais de 50 anos e imensas áreas verdes permeáveis. Será que a visão daquela época era mais ecológica dentro do poder público.