O Cruzeiro foi o dono da festa na reestreia do Mineirão. Depois de dois anos e meio, o Gigante da Pampulha foi reaberto e recebeu o maior clássico mineiro, em um jogo muito equilibrado e emocionante. Mas o novo time celeste mostrou força, se deu melhor e venceu por 2 a 1. O lateral-direito Marcos Rocha entrou para a história, só que de forma negativa, ao marcar o primeiro gol desta nova era do estádio, contra o patrimônio. Os estreantes Araújo e Dagoberto também balançaram as redes.
O clássico foi válido pela 3ª rodada do Campeonato Mineiro, que foi antecipada para ser o jogo inaugural do Mineirão. Na sequência, a Raposa vai pegar o América-TO, novamente no Gigante da Pampulha, nesta quarta-feira, enquanto o Galo vai enfrentar a Tombense, em Ipatinga, no mesmo dia.
O Jogo
Toda a ansiedade da torcida mineira para rever um dos maiores clássicos do futebol refletiu no campo e o jogo começou pouco produtivo e um tanto tenso, com muitas faltas para os dois lados. A arbitragem dava sinais de insegurança e apitava tudo. Em menos de 20 minutos, foram marcadas 12 faltas.
Aos poucos, os dois times foram se soltando e criando as primeiras chances de gol. O Cruzeiro ameaçou aos 11 minutos, em jogada de Everton Ribeiro, que avançou bem pela direita, invadiu a área e bateu firme, mas Victor defendeu em dois tempos. A resposta do Galo veio dois minutos depois, em lance característico do Atlético. Junior César ganhou de Ceará e cruzou, mas Jô não alcançou para arrematar de cabeça.
O Cruzeiro explorava bem o lado direito do campo e era mais presente no ataque, enquanto o Galo não conseguia encaixar a marcação e se mostrava desorganizado em campo. E foi justamente por aquele setor do gramado que a Raposa abriu o placar, aos 22 minutos. Depois de trama envolvente dos estreantes Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, o volante Leandro Guerreiro recebeu passe na ponta e cruzou para Anselmo Ramon cabecear embolado com Marcos Rocha. A arbitragem deu gol contra para o lateral atleticano.
Mesmo com mais dificuldades no jogo, o Galo empatou rapidamente, aos 28 minutos, e com um jogador que até então estava apagado no clássico. O atacante Araújo, que não tinha oferecido perigo à defesa celeste, nem contribuído na marcação, como o técnico Cuca havia pedido, mostrou estrela e balançou as redes, aproveitando a sobra, após bate-rebate na área do Cruzeiro.
Depois do gol de empate, o Atlético passou a se acertar em campo e teve um momento melhor, com mais lucidez e levando perigo à meta de Fábio, mas também abusava dos chutões para ligar o ataque, exatamente como era no ano passado. À medida que o primeiro tempo ia chegando ao fim, os dois times reduziram o ritmo e a partida esfriou muito.
Segundo tempo
O técnico Cuca mostrou que não ficou nada satisfeito com a atuação do Atlético no primeiro tempo e fez duas substituições no vestiário. Saíram os dois volantes Pierre e Leandro Donizete para a entrada de Serginho e Gilberto Silva, que fez sua reestreia no Galo. O comandante também fez uma mudança tática, invertendo Bernard e Araújo de lado. O garoto passou a cair pela direita, enquanto o autor do gol de empate foi atuar na canhota.
As mexidas surtiram efeito e o Galo, com esquema mais ofensivo, partiu para o ataque e sufocou o Cruzeiro nos primeiros dez minutos, com três chances claras de virar. A primeira com Bernard, que aproveitou sobra na área e soltou a bomba, mandando a bola na rede, mas pelo lado de fora. Depois, Jô subiu muito alto e cabeceou no meio da área, só que à esquerda do gol. Na sequência, o camisa 11 atleticano fez bela jogada, cruzou para trás e Jô furou bizonhamente.
Apesar do volume de jogo maior para o Galo, com Bernard buscando o jogo e Ronaldinho atuando mais avançado, sempre perigoso, do outro lado, o time celeste tentava penetrar, mas alguns atletas mostravam cansaço. Atento, o técnico Marcelo Oliveira tratou de mudar o time, tirando Ricardo Goulart e Everton, que estavam apagados, lançando o jovem Alisson e Dagoberto.
As escolhas do treinador foram muito acertadas, tanto que três minutos depois de entrar, Dagoberto fez um lindo gol. Depois de ótimo cruzamento de Anselmo Ramon pelo lado esquerdo, o camisa 11 subiu e cabeceou para chão, sem chances par Victor, que só olhou.
Mas se tinha um gol a mais no placar, o Cruzeiro ficou com um jogador a menos, já que Leandro Guerreiro deu carrinho por trás em Ronaldinho e foi expulso, porque já tinha o cartão amarelo. Imediatamente, Marcelo Oliveira colocou Tinga para fortalecer a marcação, enquanto Cuca acionou Alecsandro para metralhar o time celeste. A partir disso, o jogo virou um Deus nos acuda para a Raposa, que passou a sofrer enorme pressão do Galo, que tinha R10 livre pelo meio, Bernard à vontade para se deslocar nos dois extremos do campo, além de dois atacantes de área prontos para receber as inúmeras bolas cruzadas.
Totalmente na defensiva, o Cruzeiro apostava em contra-ataques, com Dagoberto bastante aberto pela direita para puxar a jogada, mas o time tinha grandes dificuldades de sair do seu campo de jogo.
Até o fim do clássico, o grande rival das duas equipes foi o cansaço. O Galo deixou de ameaçar, até por estar sem um esquema bem definido, e faltava pernas para os jogadores da Raposa também, embora, nos minutos finais, o time azul tenha desperdiçado pelo menos três oportunidades de matar o jogo. Mas não fez falta. O Cruzeiro comandou a festa na reestreia do Gigante da Pampulha.
Ficha Técnica:
CRUZEIRO 2 X 1 ATLÉTICO
Motivo: 3ª rodada do Campeonato Mineiro
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 03/02/2013 (domingo)
Árbitro: Cleisson Veloso Pereira
Assistentes: Márcio Eustáquio Santiago e Guilherme Dias Camilo
Público e renda: 52.989 pagantes / R$3.677.635,00
Gols: Marcos Rocha, contra (22min/1ºT), Araújo (28min/1ºT), Dagoberto (16min/2ºT)
Cartões Amarelos: Leandro Guerreiro (2), Anselmo Ramon, Dagoberto (Cruzeiro) Leonardo Silva, Leandro Donizete, Junior César (Atlético)
Cartões Vermelhos: Leandro Guerreiro (Cruzeiro)
CRUZEIRO
Fábio, Ceará, Bruno Rodrigo, Paulão, Egídio; Leandro Guerreiro, Nilton, Ricardo Goulart (Dagoberto), Everton (Alisson), Everton Ribeiro (Tinga), Anselmo Ramon. Técnico: Marcelo Oliveira
ATLÉTICO
Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver, Junior César; Pierre (Gilberto Silva), Leandro Donizete (Serginho), Araújo (Alecsandro), Ronaldinho Gaúcho, Bernard; Jô. Técnico: Cuca