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Copa pode aumentar em 20% número de mortes no trânsito

 

 

 

O incremento no número de turistas e na economia, além do legado de obras de mobilidade são apenas alguns dos impactos que a Copa do Mundo de 2014 trará para as cidades-sede brasileiras, como Belo Horizonte. Um estudo do Instituto Avante Brasil mostra que o mundial também pode aumentar em 20% o número de mortes no trânsito devido ao aumento dos deslocamentos de visitantes dentro e fora dos centros urbanos. Em 2014, as vítimas podem chegar a 50.241, no país. Só nos 30 dias de jogos, a 5.148. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) afirma que o evento não trará esse tipo de impacto.
O presidente do instituto, Luis Flávio Gomes, lembra o risco do movimento extra em estradas malconservadas e nas ruas congestionadas. Só na capital mineira, são esperados 115 mil turistas. “As estradas estão em péssimas condições, e boa parte das pessoas que irão rodar não conhece as vias”, argumenta Gomes. A última pesquisa da Confederação Nacional de Transporte (CNT), em 2012, aponta que 46% das rodovias brasileiras são ruins e apresentam algum tipo de problema.
Na Alemanha e na África do Sul, sedes dos últimos mundiais, e onde as estradas são melhores, houve crescimento na violência em 20% e 30%, respectivamente, segundo o estudo.
O professor de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nilson Tadeu Nunes avalia que é normal que o incremento nas rodovias gere o crescimento de acidentes.
“Assim como acontece nos feriados. Mas acredito que muitos turistas virão de avião e que o impacto maior seja no trânsito local, dentro da cidade”, disse.
Gomes explica que a previsão foi feita a partir de um levantamento que levou em consideração o aumento médio de 4% ao ano de mortes no trânsito e o histórico dos últimos dois mundiais.
Redução. Para o coordenador do plano de mobilidade para a Copa da BHTrans, Gabriel Gazolla, o número de veículos nas ruas irá diminuir e a conclusão do estudo é precipitada.
“Não significa que os turistas irão alugar carros. Eles irão usar o transporte público e vans fretadas. Além disso, a presidente (Dilma Rousseff) já anunciou que irá decretar feriado em dias de jogos do Brasil. Não acho que teremos esse tipo de problema”, disse.
Segundo Gazolla, o comitê da Copa está mais preocupado com outras situações, como possíveis atentados ou acidentes, como incêndios, que demandem uma rápida saída do estádio.
O tenente-coronel Marcos Lara, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), acredita que as medidas que estão sendo pensadas para a época não permitirão a sobrecarga nas rodovias.
“As férias escolares devem ser transferidas para junho. Haverá transporte especial e gratuito para os jogos e decretação de feriado. Tudo isso deve reduzir o número de veículos rodando”, afirmou. 
Reboques
Foco será na fluidez de principais avenidas
Além de impedir que turistas e moradores percam a vida no trânsito, o comitê de mobilidade para a Copa terá um outro desafio: administrar pequenos acidentes na capital para evitar que eles causem um nó no trânsito, como acontece rotineiramente com os belo-horizontinos.
A primeira medida adotada será o remanejamento de nove reboques pesados para avenidas estratégicas. Outros cinco veículos leves serão comprados, além dos dez já existentes.
“Vamos garantir que as principais vias, como Anel Rodoviário, Cristiano Machado, Antônio Carlos e Carlos Luz, estejam sempre liberadas”, afirmou Gabriel Gazolla, coordenador do plano de mobilidade para a Copa.
O controle do tráfego será a partir das imagens das 432 câmeras de monitoramento. Segundo Gazolla, o plano de ação ainda está sendo elaborado. (TT)
Minientrevista
`Só nos resta agora investir em campanhas´

Como o estudo relacionou a Copa do Mundo com a violência no trânsito?

Calculamos a média do aumento de mortes entre 2000 e 2010, que foi de 4% ao ano. Levamos em consideração dados de feriados como o Carnaval, quando o crescimento é real e parecido com o que teremos.

O impacto será maior nas estradas ou nas cidades?

Em ambos. Mas, principalmente, nas rodovias que estão em péssimas condições. Vale lembrar que deverá haver abuso de álcool.

O senhor não acredita que a Lei Seca irá coibir excessos?

A lei, geralmente, só surte efeito no início. Até lá, as pessoas terão relaxado.

Como evitar a violência no trânsito?

As autoridades não tinham se atentado para isso. O ideal era ter investimento estrutural, mas não há mais tempo e verba para isso. Só nos resta agora investir em campanhas, sinalização e blitze. (TT)