Bento 16 deixou oficialmente de ser papa nesta quinta-feira, se tornando o primeiro pontífice a renunciar ao cargo em 597 anos.
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A renúncia papal foi oficializada às 20h (16h de Brasília). O momento foi marcado por uma cerimônia protagonizada por membros da guarda suíça, que deixaram a residência papal em Castel Gandolfo, perto de Roma, e retornaram ao Vaticano.
Em sua despedida como papa, Bento 16 deixou nesta quinta-feira o Vaticano de helicóptero rumo a Castel Gandolfo. Durante sua saída, sinos do Vaticano soaram e uma multidão gritou: “vida longa ao papa”.
Chegando a Castel Gandolfo, Bento 16 mais uma vez apareceu em uma janela e falou ao público.
“Muito obrigado por sua amizade”, afirmou. “Eu vou ser simplesmente um peregrino que está iniciando a última fase de sua peregrinação nesta terra”.
“Vamos seguir em frente com Deus para o bem da Igreja e do mundo”, completou.
Obediência
Bento 16 passa a ser chamado agora de papa emérito. Autoridades do Vaticano informam que ele não poderá intervir publicamente no papado de seu sucessor, ainda que possa oferecer conselhos.
O pontífice anunciou no último dia 11 que deixaria o cargo de sumo pontífice. A eleição para o novo papa será realizada em março.
A data do conclave ainda não foi confirmada, mas o porta-voz do Vaticano, Tarciso Bertone, afirmou nesta quinta-feira que os cardeais devem se reunir a partir de segunda-feira para definir o processo de sucessão.
O futuro papa terá como tarefas principais a reforma da burocracia do Vaticano, muitas vezes hesitante na reação a crises que surgiram no papado de Bento 16, disse o correspondente da BBC no Vaticano David Willey.
Entre essas crises estão escândalos de abusos sexuais por clérigos e denúncias de corrupção, que vieram à tona pelo vazamento de documentos do Vaticano.
Despedida
Ainda nesta quinta-feira, no Vaticano, Bento 16 recebeu seus cardeais para uma cerimônia de despedida.
O papa prometeu, perante os cardeais católicos, “obediência e reverência” a seu sucessor.
“Entre vocês está o futuro papa, a quem prometo minha obediência e reverência incondicional”, disse Bento 16. “A Igreja é um ser vivo, (mas) também se mantém sempre a mesma”, disse.
Em seu retiro, Bento 16 (que manterá esse nome) passará a usar uma batina branca simples e trocará seus famosos sapatos vermelhos por marrons.
Seu anel papal seria destruído, como manda a tradição.
Na quarta-feira, cerca de 150 mil pessoas lotaram a praça São Pedro para ouvir um discurso de despedida de Bento 16, que renuncia após quase oito anos no papado.
Ele agradeceu os fiéis por respeitarem sua decisão de abandonar o cargo e disse que esta foi tomada pelo bem da Igreja Católica.
“Houve momentos de júbilo e luz, mas também momentos difíceis”, afirmou à multidão, sugerindo a existência de brigas internas dentro da Igreja.
“Houve momentos, como já houve na história da Igreja, em que os mares estiveram agitados e o vento soprou contra nós e parecia que Deus estava adormecido.”
Desafios e críticas
Um dos cardeais presentes nos atos de despedida de Bento 16 disse ao correspondente da BBC James Robbins, em Roma, que o clima entre o papa emérito e os cardeais é de “gratidão e amor”.
Mas outra fonte no Vaticano diz que a Igreja Católica está “flagelada” com os escândalos de abusos sexuais e que o novo papa terá de prosseguir o combate à pedofilia entre os sacerdotes.
Ao mesmo tempo, a renúncia de Bento 16 foi abertamente criticada pelo principal representante da Igreja Católica na Austrália, o cardeal George Pell, que questionou a liderança papal.
Pell disse que, enquanto Bento 16 foi um “professor brilhante”, “governar