Aparelhos de som tipo MP3 tornaram-se companheiros inseparáveis de atletas que gostam de intensificar seus treinos com a prática da corrida.
Pensando nisso, o estudante do ensino médio João Pedro Wieland, 15, do Rio de Janeiro, resolveu criar um aplicativo que fosse capaz de selecionar as músicas<CF80> salvas em um smartphone de acordo com a respiração dos atletas profissionais ou amadores no momento da prática esportiva.
A respiração é medida pelo microfone integrado ao fone de ouvido. O projeto foi agraciado com o 1º lugar da categoria Estudante do Ensino Médio do XXVI Prêmio Jovem Cientista no fim do ano passado.
A relação direta entre a música e o desempenho esportivo foi confirmada pelo estudante em um experimento. Ele selecionou quatro voluntários, sem explicar as intenções da pesquisa. Dois deles foram considerados sedentários e dois ativos (que praticam exercícios pelo menos duas vezes na semana). Todos eles correram, em quatro dias diferentes, um percurso de 100 m. No primeiro dia, correram sem nenhuma música. No segundo, ouviram uma música com 105 batidas por minuto (BPMs). No terceiro, o ritmo aumentou para 118 BPMs e, no quarto dia, para 150 BPMs. Com esse teste simples, o pesquisador comprovou uma relação diretamente proporcional entre a velocidade média alcançada pelos corredores e a quantidade de batidas da música que eles ouvem.
João Pedro usou essa informação para criar um aplicativo que escolhe a música de acordo com o cansaço ou a disposição do corredor. O objetivo do invento, explica ele, é ajudar o atleta a tirar maior proveito da prática esportiva.
Análise. O desempenho do corredor é medido pela relação entre a distância percorrida e o tempo gasto para percorrê-la. Esses dados são obtidos pela rede 3G do celular, via GPS. O histórico é construído a partir das primeiras corridas – registradas pelo aplicativo – e por um questionário que é preenchido pelo usuário assim que o programa é instalado em seu smartphone.
Se o esportista estiver muito ofegante, o aplicativo vai selecionar uma música com menos BPMs; se estiver disposto, o aplicativo escolherá uma composição mais intensa. “Fiz esse projeto em 20 dias e não imaginei o tamanho do potencial que ia se criar. Essa área da ciência em que se faz esse tipo de estudo estava um pouco esquecida. Espero que, com essa iniciativa, outros esboços possam vir e novas tecnologias surgir. Isso é de extrema importância para o nosso país”, diz.
Iniciativa premiou projetos de inovação tecnológica
Estudantes do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso foram contemplados pela XXVI edição do Prêmio Jovem Cientista, que em 2012, tratou do tema “Inovação Tecnológica nos Esportes”. O anúncio dos vencedores foi feito no final novembro em Brasília, na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participaram da coletiva os estudantes que conquistaram o 1º lugar de cada categoria do Prêmio, além dos vencedores do Mérito Institucional e da Menção Honrosa. As premiações foram entregues pela presidente da República, Dilma Rousseff, em dezembro passado, em solenidade no Palácio do Planalto. Diante dos grandes eventos esportivos que em breve serão realizados no Brasil, a área de ciência e tecnologia é chamada a dar sua contribuição. (Da Redação)
Minientrevista
Alguém o ajudou? Eu o desenvolvi sozinho, claro que tive ajuda de voluntários, mas o projeto é de minha autoria.
O aplicativo esta disponível para download? Não. Ainda estou fazendo alguns testes para aprofundar a pesquisa. Com o trabalho que está sendo feito, acredito que, no fim de 2013, esteja disponível. (Da Redação)