Conhecido pela denúncia e críticas às condições degradantes às quais estavam submetidos os presos durante rebelião no complexo penitenciário de Araraquara – os presos estavam amontoados seminus no pátio, com as portas soldadas e recebendo alimentos por cordas – , o advogado Roberto José Nassutti Fiore se disse inocente no caso em que teria tentado introduzir celulares a um preso, alegando estar apenas ajudando uma senhora. Fiore também negou qualquer envolvimento com o PCC.
Em sua casa, onde está cumprindo prisão domiciliar, Fiore, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, afirmou que tentou apenas prestar ajuda a uma mulher no Fórum de Araraquara. “Acredito que qualquer um naquele momento teria se enrolado. Chega uma senhora e lhe diz: dá para levar essa muleta para o meu filho com o pé quebrado? Complicado falar não”, afirmou. “Só prestei um favor e me dei mal”, completou.
Fiore estava ontem preparando a argumentação para o seu habeas corpus, já parcialmente concedido. Quer incluir testemunhos que disse ter de pessoas que teriam visto a mulher entrando no fórum com as muletas “recheadas” de celulares.
Segundo ele, a mulher confirmou aos policiais ter pedido que entregasse a muleta para o filho e que ela não sabia que havia celulares dentro. A Polícia Civil, porém, diz que a mulher apenas negou saber das muletas. “É um absurdo, porque entreguei as muletas na mão de um policial militar. Quem pensa em introduzir [celular] não entrega isso nas mãos de um policial. É obvio”, diz o advogado.
Para o advogado, houve uma tentativa da Polícia Civil em chamar a atenção da imprensa com a sua prisão. “O delegado tentou um destaque, quis aparecer na mídia com acusação no mínimo absurda de formação de quadrilha, que eu sou advogado de membro do PCC.”
Fiore afirmou ainda que tem clientes acusados de vários tipos de crime, entre eles tráfico de drogas. Mas afirmou que faz poucas visitas à penitenciária. “Neste ano todo eu fui cinco vezes ao presídio. Se eu fosse [ligado ao PCC], teria que ter toda uma movimentação, um contato frequente com essas pessoas”, disse.
Ele também afirmou acreditar ser impossível que advogados tentem entrar no presídio para levar celulares a seus clientes, porque a revista é rigorosa. Disse ainda que advogados ficam somente com a roupa e até sapatos passam pelo aparelho de raios-X. “Até uma caneta que entra é registrada.”