No governo do prefeito Taquinho Linhares (2005-2008) foi criada a Comissão Municipal de Defesa Civil. Hoje virou COMDEC (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil), mas o titular Cícero Augusto da Cruz Gomides continua mal remunerado e ainda é o responsável pela “troca de lâmpadas queimadas”. Assim como ele, a nomenclatura e o salário do Diretor do Parque Natural Municipal Tancredo Neves é uma merreca. Estou a defender salários dignos para que aqueles que ocupam tão importantes cargos.
Os governos estadual, federal e municipal aplicam no Brasil um modelo de crescimento e de vida fundado no uso predatório das riquezas dos nossos ecossistemas e dos seres humanos. Todos e tudo a serviço da economia e não a economia a serviço de todos e de tudo. “E o marketing vigarista da sustentabilidade escamoteia a negação da dimensão ecológica da vida na Terra”, ensina o ecologista Apolo Heringer, em uma das edições da revista Projeto Manuelzão.
Na semana passada escrevi sobre algumas propostas que reverberam há anos em Ponte Nova, principalmente nos encontros de ambientalistas. Estes, hoje, se dispersaram e agem solitariamente ou escrevendo, plantando árvores aqui e acolá, caminhando e prestando serviços voluntários como sempre fizeram. Hoje quero me apoiar em uma única e ousada proposta.
Enquanto a prefeitura municipal (seja quem for o prefeito) não promover a (*) dragagem completa no Rio Piranga desde Copacabana até o Bairro da Rasa conviveremos com inundações de alto grau. Desde a enchente de 1979 que os restos do cais próximo ao Banco do Brasil estão lá e se juntaram aos destroços das enchentes de 1997, 2008 e 2012. Mesmo caso é o do Ribeirão Vau Açu que vive assoreado pela falta de políticas ambientais que promovam o reflorestamento das suas margens acima do perímetro urbano. É de lá que a terra, entulhos e galhos chegam para obstaculizar o deslizar de suas águas.
A dragagem poderia ainda retirar pedras ocasionalmente impeditivas do fluxo natural das águas. Hélcio Totino em um de intervenções, em 2008, quando tratávamos das leis que baniram as barragens de hidrelétricas em Ponte Nova, propôs a retirada das pedras que ficam próximas à Estação de Captação de Água do DMAES. Na ocasião eu fui contra, mas hoje vejo que ele tinha razão. E tenho certeza de que outros obstáculos precisam ser retirados, numa retificação técnica sem prejudicar ou macular a essência da natureza.
No passado encaixotaram o Rio Piranga, o Córrego do Manso ficou debaixo de prédios, o da Vila Lanna, que vem do Paraíso, foi estupidamente canalizado para esconder os dejetos humanos, ao invés dos governantes construírem interceptores de esgoto. As galerias pluviais de Ponte Nova abrigam, em grande parte da cidade, os esgotos. Quando chove a sujeira escondida é regurgitada na cara dos administradores, além do mau cheiro diário nas ruas de Ponte Nova.
E o que tem a ver isso com o primeiro parágrafo do artigo. Tem tudo a ver. Não se pode remunerar mal quem muito trabalha e de forma obstinada e com enorme responsabilidade. A COMDEC fez o seu papel: plano de redução de risco pronto, levantamentos concluídos, mas tudo engavetado. Os administradores só tomam atitudes se forem “chicoteados” com a tala larga da lei. E o Passa-Cinco? É um caso de Ministério Público pelo abandono continuado de 08 (oito) anos. Em 40 anos perdeu mais de 40 mil árvores destruídas pelo fogo ou pela retirada indiscriminada de lenha. O número é assustador: 1.000 árvores em média por ano!
(*)Dragagem é o serviço de desassoreamento, alargamento, desobstrução, remoção, derrocamento ou escavação de material do fundo de rios, lagoas, mares, baías e canais de acesso a portos. O principio das dragagens é a manutenção ou o aumento da profundidade do rio, lago ou lagoa.