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A felicidade que a prece proporciona !

   O capítulo 27 do Evangelho Segundo o Espiritismo intitulado de “Pedi e obtereis” aborda como tema a prece, a oração, e é sobre este tema que gostaria de falar, em especial sobre o ultimo item que é intitulado com “A felicidade que a prece nos proporciona” onde Santo Agostinho nos comove com suas palavras, nos descrevendo as sensações que podemos experimentar quando fazemos uma prece de coração.

   O capítulo se inicia com as seguintes referencias bíblicas:

1 – E quando orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé na sinagoga, e nos cantos das ruas, para serem vistos dos homens; em verdade vos digo, que eles já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e fechada à porta, ora a teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê o que se passa em secreto, te dará a paga. E quando orais não faleis muito, como os gentios; pois cuidam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não queiras portanto parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, primeiro que vós lho peçais. (Mateus, VI: 5-8)

2 – Mas quando vos puserdes em oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lha, para que também vosso Pai, que está nos Céus, vos perdoe os vossos pecados. Porque se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não há de perdoar vossos pecados. (Marcos, XI: 25-26)

3 – E propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo, a fazer oração: um fariseu e outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava lá no seu interior desta forma: Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os mais homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano; jejuo duas vezes na semana, pago o dízimo de tudo o que tenho. O publicano, pelo contrário, posto lá de longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, sê propício a mim, pecador. Digo-vos que este voltou justificado para a sua casa, e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado. (Lucas, XVIII: 9-14).

Jesus nos mostra através destas palavras as simples condições de orar, não restringe a oração a um local, a uma religião, a um ritual especifico, apenas nos convida a sermos sinceros, em reconhecer o que somos e de coração aberto nos ligar a Deus através de nosso pensamento, de nossos verdadeiros sentimentos e intenções.

No ultimo item do Evangelho Segundo o Espírito conforme havia citei acima, segue as palavras de Santo Agostinho para que possamos desenvolver nosso assunto:

“SANTO AGOSTINHO

Paris, 1861

23 – Vinde, todos vós que desejais crer: acorrem os Espíritos celestes, e vêm anunciar-vos grandes coisas! Deus, meus filhos, abre os seus tesouros, para vos distribuir os seus benefícios. Homens incrédulos! Se soubésseis como a fé beneficia o coração, e leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece. Ah, como são tocantes as palavras que se desprendem dos lábios na hora da prece! Porque a prece é o orvalho divino, que suaviza o excessivo calor das paixões. Filha predileta da fé, leva-nos ao caminho que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, encontrai-vos com Deus; e para vós o mistério se desfaz, porque Ele se revela. Apóstolos do pensamento, a verdadeira vida se abre para vós! Vossa alma se liberta da matéria e se lança pelos mundos infinitos e etéreos, que a pobre Humanidade desconhece.”

   Acaso se identificou com estas sensações descritas por Santo Agostinho ?Rara são as vezes que conseguimos realmente fazer uma prece com sinceridade e coração aberto a se encontrar com Deus, na maioria das vezes nos dispomos a conversar com ele tal qual relatório de rotina que entregamos no trabalho para cumprir com nossa obrigação . Muitas são as vezes que nos vimos em situações onde o contato direto com Deus nos confortaria a alma, nos daria força, mas, nós não nos colocamos nesta condição. É como se tivéssemos a intensão de ligar para alguém para pedir ajuda durante todo o dia, mas não saímos da intenção, queremos a ajuda de deus mas não entramos em sintonia com ele …

   A Felicidade não é deste mundo por que a verdade felicidade não é algo material e sim um estado de espirito, duradouro ou não conforme nossa condição espiritual.

   Tendo então esta certeza de que aqui na terra não teremos a felicidade tal qual almejamos, plena e inabalável, experimentaremos momentos de tormenta, de dor , grandes provas , dificuldades como então suportar ?Jesus nos deu o caminho.

   No Evangelho Segundo o Espiritismo é feito um estudo sobre isto onde é citado os trechos anotados por Mateus onde Jesus nos esclarece e nos conforta o coração.: Cap. 5 – BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

1 – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, V: 5, 6 e 10). Cap. 6 – O CRISTO CONSOLADOR

1 – Vinde a mim, todos os que andam em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, XI: 28-30)

   Jesus nos afirma que se formos até ele, ele nos aliviará, não nos diz que nos tirará as provas, mas sim que nos aliviará , que estará conosco, tal qual um irmão que cuida do outro nos momentos de dificuldade e de dor, irmão que não pode muitas vezes trocar de lugar conosco nas provas que a vida nos oferece, mas certamente que através de sua presença e sua doação de amor, nos conforta e divide conosco aquilo que nos parece impossível de suportar.

  E como nos ligar a Jesus nos dias hoje já que não se encontra mais entre nós ? Como sentir sua presença em nossas vidas, como sentir seu abraço, sua força ?

   O mecanismo da prece é a misericórdia de Deus atuando em nossas vidas, através do fluido universal que nos envolve a todos e ao universo , nos interligamos através do pensamento, de nossos sentimentos, à aquilo ou aquela pessoa que almejamos… É dito que Deus esta sempre de braços abertos, que Jesus e os Bons Espíritos estão sempre de braços abertos e através do mecanismo natural da prece vimos isto fazer todo sentido .

   Achei muito válido para Aqueles que queiram aprofundar no assunto estas questões citadas abaixo do Livro dos Espíritos : LIVRO TERCEIRO – AS LEIS MORAIS

Cap. 2 – LEI DE ADORAÇÃO IV – Da Prece

658. A prece é agradável a Deus?

— A prece é sempre agradável a Deus quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para ele. A prece do coração é preferível à que podes ler, por mais bela que seja, se a leres mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus quando é proferida com fé, com fervor e sinceridade. Não creias, pois, que Deus seja tocado pelo homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que a sua prece represente um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.

659. Qual o caráter geral da prece?

— A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nele, aproximar-se dele, pôr-se em comunicação com ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer.

660. A prece torna o homem melhor?

— Sim, porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um socorro jamais recusado, quando o pedimos com sinceridade.

662. Pode-se orar utilmente pelos outros?

— O Espírito daquele que ora está agindo pela vontade de fazer o bem. Pela prece atrai a ele os bons Espíritos que se associam ao bem que deseja fazer.

Comentário de Kardec: Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea. A prece por outros é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar os bons Espíritos em auxílio daquele por quem pedimos, a fim de lhe sugerirem bons pensamentos e lhe darem a força necessária para o corpo e a alma. Mas ainda nesse caso a prece do coração é tudo e a dos lábios não é nada

664. É útil orar pelos mortos e pelos Espíritos sofredores, e nesse caso como pode as nossas preces lhes proporcionar consolo e abreviar os sofrimentos? Têm elas o poder de fazer dobrar-se a justiça de Deus?

—A prece não pode ter o efeito de mudar os desígnios de Deus, mas a alma pela qual se ora experimenta alívio, porque é um testemunho de interesse que se lhe dá e porque o infeliz, v sempre consolado, quando encontra almas caridosas que compartilham as suas dores. De outro lado, pela prece provoca-se o arrependimento, desperta-se o desejo de fazer o necessário para se tornar feliz. É nesse sentido que se pode abreviar a sua pena, se do seu lado ele contribui com a sua boa vontade. Esse desejo de melhora, excitado pela prece, atrai para o Espírito sofredor os Espíritos melhores que vêm esclarecê-lo, consolá-lo e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas transviadas. Com isso vos mostrava que sereis culpados se nada fizerdes pelos que mais necessitam.

666. Podemos orar aos Espíritos?

— Podemos orar aos bons Espíritos como sendo os mensageiros de Deus e os executores de seus desígnios, mas o seu poder está na razão da sua superioridade e decorre sempre do Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz; e is porque as preces que lhes dirigimos só são eficazes se forem agradáveis a Deus.

   É certo que para conseguimos então sentir a felicidade que a prece nos proporciona precisamos faze-la com amor e com sinceridade e isto esta descrito em um dos ensinamentos do cristo que é colono evangelho de Marcos 8:5 “Quantos pães tendes?” No momento que é apresentando para Jesus aquela multidão faminta, ele sabia que seria necessário fazer algo, mas questionou aos apóstolos o que teria para agir a favor daqueles que ali estavam, o mesmo acontece com a prece, quando nos apresentamos a Deus, aos Bons Espíritos, a Jesus temos que saber o que temos a oferecer, sermos humildes sabendo o que somos e agir com sinceridade, para que a partir dai, sejamos auxiliados conforme nos é possível e necessário naquele momento.

Santo Agostinho continua a nos falar:

“Marchai, marchai, pelos caminhos da prece, e ouvireis a voz dos Anjos! Que harmonia! Não são mais os ruídos confusos e as vozes gritantes da Terra: são as liras dos arcanjos, as vozes doces e meigas dos serafins, mais leves que as brisas da manhã, quando brincam nas ramagens dos vossos arvoredos. Com que alegria então marchais! Vossa linguagem terrena não poderá exprimir jamais essas venturas, que vos impregna por todos os poros, tão, vivas e refrescantes é a fonte em que bebemos através da prece! Doces vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança, pela prece, a essas esferas desconhecidas e habitadas! São divinas todas as aspirações, quando livres dos desejos carnais.”

 

   É a sensação tão bem descrita pro santo agostinho que nos inebria e certas vezes nos da a sensação física de elevação , como se planássemos no ar, tão mais leves do que estávamos antes da comunhão com deus e os bons espíritos.

   A felicidade que aprece nos proporciona é a certeza de que aquele que esta longe e as vezes até mesmo em outro plano, que muitas vezes gostaríamos de estão ao lado, e em alguns casos pelas circunstancias da morte imaginamos sofrimentos , tormentas e dores, sabemos , que através da prece estamos levando até ele alivio mesmo que momentâneo para suas dores, reflexão caso esteja em desequilíbrio, em ódio ou rancor, carinho e acalento para aqueles que ainda sentem saudades de nós.

   A felicidade que a prece proporciona atende àquele que no leito de morte já não se sente tão vivo e não compreende por ainda não foi, se divide entre as sensações e as preocupações de, para onde vai e o que acontece com eles que fica, e quando é feito com amor uma prece este indivíduo se acalma e consegue assim perceber o auxilio da espiritualidade superior.

   A felicidade que a prece proporciona esta na troca de energia até mesmo entre os vivos que através das palavras carinhosas trocadas naquele momento entrar em sintonia com os bons espíritos em prol de um ato comum de auxiliar aquele irmão que precisa do passe, ou como alguns chamam carinhosamente de “benzer” ,muitas vezes a doação de amor e energia é tamanha que basta uma pessoa entrar em sintonia com a outra, mãe e filho por exemplo, para que seja feita a transfusão de energia que vai proporcionar alivio à aquele que recebe a doação.

   A felicidade que a prece nos proporciona vai muito além das muitas possibilidades que nós podemos enumerar, é uma rede de plantão 24 h de socorro a todos que necessitam e estão abertos a receber auxilio de Deus, através de Jesus e dos bons espíritos que trabalham em sua seara.

Santo Agostinho conclui nos descrevendo:

“Vós também, como o Cristo, orai, carregando a vossa cruz para o Gólgota, para o Calvário. Levai-a, e sentireis as doces emoções que lhe passavam pela alma, embora carregasse o madeiro infamante. Sim, porque ele ia morrer, mas para viver a vida celestial, na morada do Pai!”

   Quando nós aprendermos a acalmar nossos corações, sentir o nosso intimo e entrar em sintonia sincera com Deus, com os bons espíritos que trabalham na seara de jesus estaremos certos que sentiremos a verdadeira felicidade tal qual Jesus experimentou mesmo carregando sua tão pesada cruz, por que a verdadeira felicidade que a prece nos proporciona é certeza física e espiritual, de que não estamos sozinhos.

   Para finalizar gostaria de deixar um lindo poema de Amélia Rodrigues ( espírito ) Pisicografado por Divaldo Pereira Franco ( médium ) :

   Poema da Gratidão

Poema da Gratidão

Muito obrigado Senhor!

Muito obrigado pelo que me deste.

Muito obrigado pelo que me dás.

 

 

Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.

Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.

Olhos que fitam o céu, a terra e o mar

Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil

E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.

 

Muito obrigado Senhor!

Porque eu posso ver meu amor.

Mas diante da minha visão

Eu detecto cegos guiando na escuridão

que tropeçam na multidão

que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração

porque eu sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!

 

 

Muito obrigado Senhor!

Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.

Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro

A melodia do vento nos ramos do olmeiro

As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

 

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.

A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!

A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.

E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

 

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir

Porque eu sei

Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!

Obrigado pela minha voz

Mas também pela sua voz

Pela voz que canta

Que ama, que ensina, que alfabetiza,

Que trauteia uma canção

E que o Teu nome profere com sentida emoção!

 

Diante da minha melodia

Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.

Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.

Oro por eles

Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova

Eles cantarão!

 

Obrigado Senhor!

Pelas minhas mãos

Mas também pelas mãos que aram

Que semeiam, que agasalham.

Mãos de ternura que libertam da amargura

Mãos que apertam mãos

De caridade, de solidariedade

Mãos dos adeuses

Que ficam feridas

Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

 

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!

Pelas mãos que atendem a velhice

A dor

O desamor!

Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!

E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!

 

 

Obrigado Senhor!

Porque me posso movimentar.

Diante do meu corpo perfeito

Eu te quero rogar

Porque eu vejo na Terra

Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

 

Eu oro por eles

Porque eu sei, que depois desta expiação

Na outra reencarnação

Eles também bailarão!

 

Obrigado por fim, pelo meu Lar.

É tão maravilhoso ter um lar!

Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor,

um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

 

Que dentro dele, exista a figura

do amor de mãe, ou de pai

De mulher ou de marido

De filho ou de irmão

A presença de um amigo

A companhia de um cão

Alguém que nos dê a mão!

 

Mas se eu a ninguém tiver para me amar

Nem um teto para me agasalhar,

nem uma cama para me deitar

Nem aí reclamarei.

Pelo contrário, eu te direi

 

Obrigado Senhor!

Porque eu nasci!

Obrigado porque creio em ti

Pelo teu amor, obrigado senhor!